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Arquitetos: Luís Rebelo de Andrade
- Área: 1760 m²
- Ano: 2015
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Fotografias:Fernando Guerra | FG+SG
Descrição enviada pela equipe de projeto. O Centro Hípico tem uma história riquíssima, ligada à região de Trás-os-Montes e Alto Douro e à paixão das gentes da terra pelos cavalos e pelos desportos hípicos. É também a história de um dos melhores campos de saltos da Europa e da sua relação com o Parque de Pedras Salgadas no auge do turismo termal. E é também uma história de declínios. A decadência do Centro Hípico é gradual mas, a partir dos anos 90, acentua-se até parecer irreversível.
Em 2013 arrancam as obras de recuperação. Os tempos mudaram e, com eles, as necessidades dos utentes. Os espectadores deixaram de ser uma reduzidíssima classe privilegiada e a modernização da indústria de espectáculo trouxe a democratização no acesso às coisas. As novas regras internacionais para os concursos, obrigaram a uma profunda reformulação. A necessidade de rentabilizar o Centro Hípico obrigou a repensar o modelo de obtenção de receitas, assente na sazonalidade muito reduzida dos concursos de saltos. Construíram-se 32 boxes e um picadeiro.
Os edifícios novos tentam dialogar com os existentes e com a natureza em redor. As boxes, por exemplo, são revestidas com painéis de cortiça. Além de ser um material autóctone, a cortiça, ao envelhecer, vai adquirir texturas e tons semelhantes às do arvoredo circundante, diluindo-se organicamente na paisagem. Mas o exemplo mais emblemático desta arquitectura da invisibilidade é o do picadeiro. Todo revestido com troncos, parece ter sido adoptado e abraçado pela vegetação que o envolve. Os troncos e o tempo farão com que a flora acabe por tomá-lo por completo, tornando-o definitivamente seu.